Sinopse:
Tendo como objectivo principal promover um debate tão alargado quanto possível em torno das diversas manifestações e vertentes da actividade de Mário Dionísio, o Congresso Internacional Mário Dionísio – No Centenário do Seu Nascimento constituiu uma excelente oportunidade para trazer um novo impulso à reflexão sobre a vida e obra desta figura ímpar no panorama cultural português. ¶¶ Os textos que integram este volume centram-se assim no estudo da sua intervenção enquanto poeta e ficcionista, pintor, crítico literário e crítico de arte, professor e pedagogo, cidadão. Muito dificilmente se conseguiria arrumá-los em blocos tão distintos, tratando-se de um autor que confessa na sua Autobiografia ser «um homem dividido, apesar duma unidade subjacente, inalterada, inalterável […] incapaz de optar entre tantas solicitações (e emboscadas…) iguais na exigência». Um homem que proclama: «Se escrevo poesia […] é só poesia que “escrevivo”». Como havia de ser de outra maneira? Idem com a ficção. Idem com a pintura. ¶¶¶ (…)(…) Eduardo Lourenço, em “Evocação truncada de Mário Dionísio”, centra a sua reflexão no Neo-Realismo enquanto voz colectiva, ironicamente constatando que «nisto, ao menos […] cumpriu o seu programa de subsumir simbolicamente “o individual” sob o “comum”» para, depois de analisar o contributo individual de vários autores como Namora, ou Manuel da Fonseca, convocar Mário Dionísio. Embora o considere «o mais decidido apologeta e exegeta da “atitude” neo-realista (na ordem geral e na estética)», distingue-o da «geral família poética neo-realista», pela sua «vontade de anonimato», por uma espécie de «ironia triste», por uma poesia onde não se encontra a habitual «imagística ou mitológica intenção», mas onde vislumbra «uma veemência contida como apagada à força, esfriada e às vezes fria, rescaldo de um fogo ou de um discurso (…).¶¶ [PAULA MENDES COELHO, apresentação]
Índice:
Nota da direcção da revistaHistorial do Congresso
A. Mota Redol
Apresentação
Paula Mendes Coelho
I. Como os outros
Passageiro clandestino (Mário Dionísio, uma primeira aproximação) Cinco incomodidades, melhor dizendo caprichos, na vida e obra de Mário Dionísio
Eduarda Dionísio
Da pintura à escrita: um passeio pela crítica de arte de Mário Dionísio
Daniel-Henri Pageaux
Coordenadas do espaço íntimo em Mário Dionísio
Catherine Dumas
Um pintor de palavras
Nuno Júdice
Memória desconexa (Mário Dionísio, uma segunda aproximação) Mário Dionísio segundo Mário Dionísio (Atropelamento e Fuga)
Eunice Ribeiro
“Aniversário” de Mário Dionísio: auto-retrato poético aos quarenta e quatro anos
Teresa Jorge Ferreira
Ou se mudava o Homem ou não se mudava nada (Mário Dionísio, político)
Mário Dionísio, a ronca e o farol
João Madeira
Mário Dionísio: algumas questões urgentes (1952-1993)
Youri Paiva
O quê? Professor?!... (Mário Dionísio, professor e pedagogo)
Mário Dionísio professor
Luis Miguel Cintra
Mário Dionísio: como se forma um professor
Rui Canário
Mário Dionísio: ser professor ou a educação do sentimento poético
António Carlos Cortez
Mário Dionísio e a arte de inventar a mudança
Manuel Gusmão
II. A palavra que falta
Escrever era o meu vício (Mário Dionísio, escritor)
Compromisso e experimentação em Não Há Morte Nem Princípio de Mário Dionísio
José Manuel de Vasconcelos
Não Há Morte Nem Princípio – variações para um tempo de transição
Maria Eduarda Keating
Foi o puro prazer de contar que levou a melhor (Mário Dionísio, contista)
Dialogar com o leitor – O Dia Cinzento de Mário Dionísio
Serge Abramovici
A (est)ética dos parafusos e das ondas do mar nos contos de Mário Dionísio
Bertran Romero Sala
Pensar: Inquietação e Ética A partir de alguns contos de Mário Dionísio
Carolina Lima Vaz
A poesia não está nas olheiras imorais de Ofélia… (Mário Dionísio, poeta)
Cenas de escrita na poesia de Mário Dionísio
Silvana Maria Pessôa de Oliveira
Com todos os homens nas estradas do mundo
Maria do Carmo Cardoso Mendes
Le Feu Qui Dort, um texto em chamas ou “Que farei quando tudo arde”…
Sandra Teixeira
A poesia de Mário Dionísio – uma leitura
Gastão Cruz
A “deformação” na “invenção do concreto” como chave do Realismo no pensamento de Mário Dionísio
António Pedro Pita
III. A necessidade de ver claro
A Paleta e o Mundo (Mário Dionísio, teórico de arte)
As minhas experiências de leitura d’A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio: Colectiva (Casa da Achada) e individual. Algumas figuras de palavras, de pensamento e imagens nela presentes
Ana Figueiredo
O divórcio entre a arte e o público – Uma maratona de desocultação em A Paleta e o Mundo
David Santos
Falar sobre A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio
Inês Dourado
Um pensamento ardente: estética e política em Conflito e Unidade da Arte Contemporânea de Mário Dionísio
Pedro Boléo Rodrigues
Mário Dionísio: poética pictórica, teoria da arte
Sílvia Chicó
O Homem não pode copiar, o Homem cria (Mário Dionísio, teorizador do Neo-Realismo)
Mário Dionísio: a teorização estética e o Neo-Realismo
Vítor Viçoso
As “Fichas” de Mário Dionísio na Seara Nova. Contributos para a precisão do projecto neo-realista
Manuel José Matos Nunes
«Não se pode copiar» mesmo com um simples «dar ao botão da Kodak»: Mário Dionísio e a fotografia
Renato Roque
IV. Nós e os outros
Encontros desencontros reencontros (Mário Dionísio e outros escritores)
Os prefácios de Mário Dionísio: uma outra maneira de manter a conversa
Maria João Brilhante
A Morte É Para os Outros de Mário Dionísio e o universo de Maria Judite de Carvalho
José Manuel da Costa Esteves
Mário Dionísio, o homem que inventou José Gomes Ferreira
Carina Infante do Carmo
A resistência da mudança e a mudança da resistência: de Mário Dionísio a António Lobo Antunes
Norberto do Vale Cardoso
“Entre nós e as raízes”: Mário Dionísio e as solicitações lorquianas
Cláudio Castro Filho
Não como um cacto isolado (Mário Dionísio pintor e os outros pintores)
“Encontros em Paris”. Encontros com o Mundo. Encontros com a Paleta de um Novo Realismo – Caminhos em Mário Dionísio
Luísa Duarte Santos
“Encontros em Paris”: as entrevistas de Mário Dionísio e de Fernando Lopes-Graça a artistas franceses (e não só) no contexto dos debates estéticos do neo-realismo no período do pós-guerra (1947-1951)
Manuel Deniz Silva
Pertenço a outro mundo, a outra raça, a outra gente (Mário Dionísio e o Brasil)
Diálogos luso-brasileiros por Mário Dionísio
Ida Ferreira Alves
Mário Dionísio e a literatura brasileira de 30
João Marques Lopes
V. Painel de encerramento
Evocação truncada de Mário Dionísio
Eduardo Lourenço
Edições Colibri
Ano: 2018Capa: capa mole
Tipo: Revista
N. páginas: 518
Formato: 23,5x16,5
ISSN: 1646-5989
http://www.edi-colibri.pt/Detalhes.aspx?ItemID=2244